MANDALA (primeira parte)

Cramandala, carmandala, mandala de alpinistas mangues;
flutua o solo - fixo ao eixo visual - tontura animal - paisagens de vidros, madeiras confinadas, suores nas plantas que não crescem mais, não crescem mais.
Descer do ônibus saltando carcaças, soltando nevralgias e um pouco mais de tabaco nos alvéolos -
saturar o ar de morte e seguir - não parar jamais - "Prá onde se vai?" - "caçando violinos, saxofones, gaitas, genitais, têmporas nos bares, é que se vai - qualquer lugar, qualquer lugar no mesmo lugar do mundo."
Estalando costas, vértebras, desejos nas pilastras dos hotéis e restaurantes - a tarântula social devorando, devorada;
pestanas que se encaracola, nas cervejas da sua língua de calcinhas e sutiãs;
boiando no rio amarelo-verde - bílis - , no labirinto encardido do banheiro um elefante na alça da lâmpada.
(isto, isto, muito tempo depois, me recuperando na Estação de Repouso - não era de total limpidez, nada da sanidade convencional e laguinhos de borracha em patinhos cor-de-rosa.
Areia, toda a areia da via sideral nas pastilhas da garganta e o que planava no ar não dava espaços ao ar -
dias e noites noturnas, soturna na Estação de Repouso - mais, mais música, oceanos Pacíficos de contra-voltagem bebendo neurônios no café da manhã - duas da tarde)


Marcelo Nietzsche

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