RATOS DI VERSOS - o SARAVAL da Lapa

o RATOS só fala se necessita, ARTE brota ali de vez em quando por consequências orgânicas.
O supérfluo deixa o essencial sem graça e põe a boca pra gritar
A boca ri chora grita beija morde come
Tudo mais é o que diz
Tudo que diz é nome.


quinta, 4 de agosto às 21:00

Lapaeskina - em frente aos Arcos da Lapa - ao lado do Semente, debaixo dos Arcos da Lapa

A FEIRA LITERÁRIA DE PARATY E A MARGEM DO RATO

Cheguei da FLIP e ainda encontro-me avariado. Ocorreu no fim de semana a Feira Literária Internacional de Paraty-FLIP 2011. Devo registrar por escrito logo isso, pois jornalismo é rápido assim. Pois sim, nunca havia feito isso, mas resolvi ler alguns relatos que falaram do evento antes de escrever o meu. Encontrei textos jornalísticos- e jornalistas geralmente tem aquela coisa da busca pela imparcialidade que deixa eles todos meio parecidos. Percebi que preciso dar a visão de quem está dentro do lado de fora. Os que li falavam das atrações das belíssimas tendas oficiais e também na não menos oficial OFF-FLIP; falavam muito do inusitado encerramento no domingo. O polêmico artista e teatrólogo Zé Celso(já chamado de Zé Sexo pelos leigos) e sua trupe fizeram o belíssimo encerramento da FLIP na tenda principal.
Acompanho a feira desde 2006 quando OFF-FLIP era a parte da produção da FLIP que tratava de perceber, receber e documentar as performances dos artistas que não estavam registrados. Idéia integradora e democrática. Genial! Em 2007 já foi diferente, a OFF já tinha uma programação oficial e os artistas podiam inscrever seus projetos com um dia de antecedência. A produção ajudava com o que podia e davam de brinde um crachá. Em 2008 eu não fui mas fiquei sabendo que os policiais roubaram todos os livros de um vendedor de poesia ambulante paulistano e o afastaram por dez quilômetros de viatura para longe da cidade, e disseram “Isso é Paraty fuder!” Nem FLIP nem OFF queriam mais saber de artista de rua esse ano. Em 2009 acho que eu estava dormindo. Ano passado fui e relatei em “FLIP- O Extermínio dos Entornos” todo esse processo de marginalização do artista de rua e conseqüente elitização do evento em (http://www.facebook.com/patriciacarvalhooliveira#!/note.php?note_id=151072808239799)
Dessa vez a produção estava mais tranqüila quanto às vendas, entregaram para o mercado e suportam os marginais. Vendemos nossos livros, passamos o chapéu em manifestações nas ruas e nas internas, onde com a licença da palavra e as bênçãos da arte compartilhávamos e claro, passávamos o chapéu. Paraty está chiquérrima! A produção deslocou as tendas da FLIP para o outro lado da ponte, a festa amplificou-se beirando o rio até a praia do Pontal, ganhou espaço e deixou o centro histórico menos sufocado. O evento está cada vez mais elitista, vendemos muitos de nossos livros. Quanto mais elitizado maior o espaço margem –e é aí que o RATO gosta de atuar. Um marginalzinho perdido veio oferecer um crachá da flip para o RATO entrar na tenda, o tal tinha cancha com a produção do evento. O RATO negou veementemente e foi beber uma dose de cachaça com a poeta punk para não se esquecer de lembrar do porque de ali estar. “Hoje é o único dia que estou com vontade de entrar naquela tenda”, disse o RATO no domingo à tarde. A punk deu uma idéia simples e total “A gente derruba aquela proteção e entra!”. O RATO curtiu a idéia e ficaram na praia do Pontal bebendo, pitando e confabulando se era saudável a luta virar guerra. Enquanto isso uns maloqueiros de megafone faziam o lançamento dos livros. Sucesso de vendas! Uma tarde de autógrafos de pés descalços, sem camisas nem etiquetas.
Essa era a vez em que os marginais reunidos mais se aproximaram da tenda principal durante todo o evento. O mesmo assunto ia e vinha:o espetáculo de encerramento; A Macumba Antropófaga de Zé Celso. Uma rata carioca entrava em pânico só de imaginar que pudesse ficar de fora dessa. Quando uma paulistinha foi comentar da peça com Pedro Mulatão, um mandingueiro paulistão, ele nem a deixou terminar: “Não quero mais ouvir falar de Zé Celso!”, e foi grosseiro quando se levantou e saiu deixando o copo pelo meio. Um clima de tensão viva pairava ali. O RATO estava resolvido: “Vamos entrar!”. Os punks estavam certos: “Vamos quebrar!”. O povo sem ingresso do lado de fora começou a se aproximar da tenda tentando achar uma brecha. O RATO com a voz de um megafone e várias pilhas novas, veio puxando o coro, entoando o brado libertário: “BOTA PRA FUDER! BOTA PRA FUDER!” e enquanto os marginais distraiam os seguranças, o RATO escapuliu para dentro da tenda. Lá tentaram agarra-lo mas o bicho esquivou pulando por entre as botas dos  seguranças e conseguiu abraçar o Zé Celso entrando em cena: “Zé, o povo quer você, eles estão gritando bota pra fuder!”. “-Abram as portas” disse Zé Celso, “Por favor, o teatro é para o povo gente!”. Aí o RATO disse: “Então vou lá chama-los!” e quando foi sair pelo local que não tinha usado para entrar, já era aguardado ansiosamente pelos guardas de preto: “É ele! É ele!Segura ele!”. E então a luta virou guerra. Enquanto um troglodita torcia a cauda do RATO, o outro tentava arrancar de suas garras o megafone. Foi tudo rápido porque os outros ratos estavam ali fora e logo vieram socorrer. A punk gritava: “Solta o RATO! Está tudo sendo filmado!”. E o RATO sem corresponder a violência conseguiu chegar novamente aos braços do povo que o apoiou para quebrar aquela barreira. Chegando lá fora, a notícia da produção:“A entrada está liberada!”, e o povo entrou se acotovelando cada um por si belissimamente. Já o RATO saiu pelo mar. O RATO precisava entrar.
 
 
 DuduPererê

RATOS DI VERSOS QUINTA NA LAPA

qUANDO? Quinta-feira-sim 07/07/11
oNDE? Lapaeskina - em frente aos Arcos - do lado do Semente da LapA
q HORA? a partir das 21hs

RATOS DI VERSOS

RATOS de ruas, becos e lapadas;

DI VERSOS e cervejas, de poemas e piadas,

de cantos e de cantadas e tudo o mais que caiba.

Atenção para o “que caiba” pois vivemos em grupo.

RATOS são feras mamíferas que não abandonam o bando.

A banda chama, o coro clama, a garganta esquenta, alguém grita e a farra se inicia!

O RATO caminha sozinho com todos!

Ele possui um corpo que engloba o outro, tem muitas cabeças, diversas línguas, inúmeros tentáculos.

Impossível organizar o espetáculo!

Aqui o espaço é da manifestação,

só porque se expressar é bom!

Só de sacanagem!