Poeta Oculto no Ratos di Versos

Ontem sorteamos o poeta oculto no Ratos di Versos. Então, queria esclarecer algumas regras do jogo:
1. Tem que escrever um poema dedicado à pessoa que tirou. Não vale reaporveitar poemas já escritos. Sei que tem gente que já tem poemas dedicados aos amigos do Ratos. Mas tem que escrever um novo! Seu poeta oculto precisa saber que você se empenhou, que pensou nele e lhe dedicou um poema original. Poetas são muito carentes!
2. Se porventura algum participante não puder comparecer ao próximo Ratos di Versos no Beco dos Ratos, dia 13, mande o poema e o nome do seu poeta oculto para alguém que vá e o represente lá. Não deixe um poeta carente sem poema! Muitos poetas têm instintos suicidas e se alguma coisa acontecer, você poderá se sentir culpado para o resto da sua vida!...
3. No dia funciona assim: um poeta vai ao microfone, lê o poema inteiro e, ao final, o resto do pessoal tenta adivinhar para quem é. Mesmo que no meio do poema você já saiba pra quem é, se segura, pra não interromper a leitura. E no final pode berrar à vontade!!!! O poeta que recebeu o poema vai lá e lê o seu e assim por diante... Aí é como um amigo oculto qualquer.
Espero que todos estejam inspirados e tenhamos a melhor confraternização de fim de ano de todos os tempos!
Beijos ratificados,
Bia
APENAS O AMOR

Avessa às palavras e à paz
A guerra deflagra um funesto brinde de vísceras
Explosivas, escarlates, marrons
Tons mesclados pela carniça cerebral humana
Insana capacidade de detonar vidas

E o amor esgarçado em feridas
Perene, segue as exéquias
Quando elas conseguem existir

Um cheiro entupido de enxofre
Emana dos estilhaços de bomba
Os gritos orvalhados pelo medo
Ecoam nas ruas e matas
Enquanto as nuances satânicas prosseguem
Avessas às súplicas ou pedidos de clemência
E das acrópoles das igrejas jorram lágrimas e sangue
Crianças esmagadas pelas mães,
Rotas, pela estrada se agitam
e a barbárie arrota a peçonha da mutilação
do corpo, da alma,
sem piedade, ou vergonha

É a guerra,pois não?
Os poderosos atrás do papel bomba
Dos tonéis de petróleo
Das terras, lagos, montanhas,
Pedras, prata, minérios
Dos frutos, das flores,
Império que a todos pertence
Arrancando vidas,
Dilacerando idéias
Num estupro coletivo da mãe Terra
Em nome de Deus
Em nome da honra
Em nome da masmorra eclesiástica
Da Cruz Suástica
Da Estrela de Davi
Em nome do Rei
Do Operário
Do sagrado
Do profano
Atrás das trincheiras do ódio
Num triste e mal cheiroso eclipse
esconde-se a raça humana
atrás das demoníacas guerras santas

Como a sombra do poder é o amor
Esta e´a única arma capaz de destruir o torpor
desta insanidade ferrenha
Transformando-a em lenha
Na fogueira
No calor de um dia ensolarado
Em que as vidas
Absolutas
Majestosas
Garbosas
Possam,
realmente,
dar prosseguimento a seus desígnios
À sua saga
A seu destino
Sem a interferência lasciva de uma metralhadora Ou míssil
enquanto o tempo -insone -
delineia o contorno do infinito
através da História.

Só e somente só e apenas o amor
Palavra mágica
que deve ser manifestada em gestos
Em cantos
Em alentos
Em abraços
Em laços eternos
Em olhares espertos
Em sorrisos de estímulo
Em caminhos
Atalhos
Pergaminhos,cartilhas
Beijos,
alegria,
encanto,
Trilha, poesia, acalanto...

Inexoravelmente,
Nada mais nem menos e somente
O amor
Pode construir a torre calcária
Ou a Torre de Babel
Chegando ao Céu...

Doce utopia
Desejo ígneo
de abraçar o Sol
Em prol da paz infinita
Fazendo da luz das estrelas
Angélica alegoria...

APENAS O AMOR!

Heloisa Helena

RATUSCADA


Ratos Di Versos na intensidade

AMANHÃ É DIA DE RATUSCADA NO BECO DA LAPA
Rua Joaquim Silva com Moraes e Vale, à partir das 19:30 hs.


Na QUINTA os Ratos vão passear com a trupe do Palavril e Filet de Peixe no “Filet de Ratos de Peixe“, projeto mOla no Circo Voador à partir das 18:00hs - nós às 20:30 hs.


Cansa não!
Meia Noite, da mesma quinta-feira , nós novamente na Fosfobox, VERSOS DA MEIA NOITE e...

VAMOS VIVER!
Beco A M A N H Ã!
bjsssss

POEMA COLETIVO 15/11/2006

Sob os pés a chuva
das luas o seu canto
sinto o vento ...
Que se esvai em poesias e lágrimas
que se afoga em poças de cerveja
enquanto no beco os copos são
enchidos e os versos soltos e levados
pelo vento.
Vento que sopra desgostos
enquanto eu sinto frio
nessa noite vazia
de saudade e ausência.
Noite de insaciáveis desejos
desejo de falar, cuspir,recitar
enfim, ser
Hoje eu quero grana, beijo, conforto,
carinho, paz, tudo do cacete
Eu quero tudo pra não querer
mais nada. Pra viver de poesia!
Eu quero ouvir, falar, sorrir, gritar,
chorar ... quero escrever
Aproveitando o ensejo eu só quero Querer!!!
Só todi!
Idem
Tarja preta perde!!!
Tem, AH! bom
daquele lado tem um cadre
pra gente se perder de vista
E se achar atrás da queda
lá no rio que é nosso
na rebordoza de amanhã
voltamos sem problema
curamos e refletimos
numa reflexão sem igual
Ser humano, espécie mais evoluída das espécies ...
oh! o quão superior está espécie é!
tudo o que vê, toma para si
quanto mais ganância, menos satisfeito é
Vive no abismo
sem se haver com o medo, nem com o fascínio
Com um deve passar de tempo, aprendia
diferença entre uma flor e uma pessoa
e plantar um jardim no coração dela
Para eternizar os nossos momentos
Momentos que não se perderam no vento
que não foram apenas palavras
e seria uma luta perdida tenta-los por mais
que eu queira esquece-los
momentos que ao mesmo tempo me enchem de alegria
me derramam lágrimas de tristeza
por que teve que ser assim?
O assim não tem que ser
o assim quem faz somos nós
o assim é assado
Este deixa de sê-lo
Visto que já foi
transforma-se a cada minuto
no "era", já foi, já era!
Que se foi, sem nunca ter sido.
e se o é, como pode?
Tanto faz. Agora já tanto faz
já estou farta de crises existenciais!
Há tempo que flerto com o abismo
mas hoje, me faltam forças pro suicidio
como me faltam para viver
tanto faz, agora tanto faz.
Ficou mais uns dias para trás
e aquilo que senti é mais
e tudo o que pensei já desfiz
e tudo o que amei, já morri

Palavras são palavras
nada mais do que palavras

espero arriveto, un microfono
collettivo, palabras in labuta,
pena che

Que os homens amem de verdade para
vivermos mais feliz, e sem dúvidas
de sermos amados e respeitados
....... ao amor divino
e a cerveja também.

Aos que vão,
apenas digo que fico

Poesia, não é uma simples
palavra é vida é tristeza é
alegria é o beco do rato é
boemia.

O poema penetra
a poesia se abre
e o orgasmo literario
a prosa aproveita
prosaica sacaneia
ai não meu bem
ai não meu bem!!! m beim!
a poesia e quem colhe tudo
bota! bota! bota!
a calça com cueca e calcinha
se mostra tão à mostra
e ri e goza
a dor do amor
sedenta de beijos
Levanta, aplaude e pede !Bis!!
que bis que nada!
bisar o que é brochante?

Escrevo não escrevo escrevo
isqueiro
cigarro acesso
morre a luz

Poesia n'O ARTESÃO







Ratos Di Versos
e voces!
nO ARTESÃO!

Arte gastronômica e poética no melhor restaurante de Botafogo na atualidade! !
Dia 22 de novembro, quarta-feira

Rua Conde de Irajá, 115 - às 20:30 hs, Botafogo
Informações: 22866618
Aproveite para entrar para a comunidade Ratos Di Versos do seu orkut.
obs: na outra quarta, no BECO dos Ratos, como sempre!
Beijos e até lá!
Hoje temmmmmmmmmmmmm!
- Hoje tem ratuscada!
- Tem, sim senhor!
- Lá no beco da Lapa!
- É, sim senhor!
- Voce vai?
- Já tô!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
 Proclamemos a anarquia que gere o ingerível 

***RATOS DI VERSOS***

- DIA 15 DE NOVEMBRO, às 19:30, no Beco do Rato

Joaquim Silva com Morais e Vale, Lapa
bEIJÒ

MANDALA (terceira parte)

No ar pastoso minha mão luta contra mosquitos e salaminhos - diarréia, azia e vômito e asco na madrugada-tarde me acordando com a descarga da Estação de Repouso - uma delas - qualquer em que se acorde e não se acorda:
no canteiro das pálpebras as obras de uma mulher parindo a própria busca de seu rosto, de seu corpo na placenta que também é sua sem o ser totalmente.
Mais um gole da adrenalina rolando, rolando - morder veias por um pouco mais - falar empapuçado de cachaça-com-cerveja na minha cara: " A família ainda vive? já viveu?" - discursos sob a descrença no cristianismo por excesso de cristianismo - um pouco mais, uma rua a mais, um sentido a mais, a mais, mais, mais blues - Howlin' Wolf nos tímpanos prá sempre - Robert Johnson, Hooker, Lightlin Hopkins, Muddy Waters ...
Em uma janela dum edifício um bêbado se recolhe ao leito-banheira e prostituta na saboneteira - é o lar ... onde quer que se esteja é o que é:
escarrando os ossos da cara nas calçadas, nos botequins, nas enfermarias do Estado, no short do homossexual que baba espiando o de binóculos;
gozando garrafas cheias de nós, tão cheias que pouco mais resta;
e um raio que fulmina simpatias em copos por trás das portas sábados na fel que vaiiiiiiii .......
"Quem é você deitado tão em mim aí longe? Rolando, Hermínio, Luís, Alberto, Henrique, Afonso ...Quem é você?
conheço teu cheiro-de-madrugada e maresia e tua língua d e todas as línguas no quebrado do dente ...
qual o teu nome me aquecendo a sarda e tatuagem, meu corpo de professora primária, ginasial, universitária? - o que quiser, o que quiser - o que ensinar, mutuarmos, transgredirmos" - falava e uivava e beijou as testas quando foi dar aula.
Noite chegando em casa - nas encruzilhadas o passe não é mágica; é carne, ressaca e macumba e fogos de artifícios no crânio negro e feminino ... e não sei o que dizer, o que disse.
Nunca soube! Não adianta mais nada! é luz, sonho e calor!
Mais nada! O ato, o ato! o rato já roeu todo o grito do cantor na vitrola e todos os profetas, mendigos e deuses e efeitos especiais da Bíblia e sito não tem menos valor do que jamais teve.
Só pouco, só um pouco mais de adrenalina, dentar capilares e injetar constelações - fuder nos cinemas, nos táxis rodando pelo centro da cidade - cadê o rosto? - o rosto, o rosto na voz - não consigo dormir estou livre nas calçadas? - te aguardar num cigarro que Prometeu me acendeu noite passada.
Silêncio! não se pode acordar a criança do apartamento de cima - no ventre cortar o som - lamber a carne descascada com doce de banana - ouvir o homem de suiças no centro medieval do sofá;
a mesma noite sempre - apagar as tochas que não se espreita nas cavernas brancas dum sanatório constante - sem fim, sem fim, horizonte esperando o escarro duma velha sentada nas solas das revistas crucificadas pela praça - percorrer galerias de kibes crús, esfihas de peixe e espinhas de peixe, pastéis, macacões acessos em verde - apaguem a roupa e modelo! - fantasias diáfanas gregas, olhos embriagados nos espelhos das vitrinas ...
"De quem é esse banheiro? - a enxaqueca no parapeito da sala de aula o fiz me seduz nas costas do ritmo de minha alma? - sem controle próprio, sem próprio controle -
esses membros esquartejados me fecundando nos chuveiros públicos, nos vidros espelhados de minha roupa opaca? -
De quem é essa cidade jogada no fundo, no subterrâneo de minha íris descarregando cérebros e relógios? - cadê o meu? - cadê o seu? - ver-me na cápsula partindo prá Atlântida ou Meier ou depósito de lixo - a cápsula de arquitetura modernista mordida no bico do seio.
Relógios na pia - em cima das unhas eles proliferam qual dejetos do sangue das baratas e ursos - onde estão minhas galochas? não posso caminhar neste fluxo sangüíneo, neste rio de répteis alados, não sou eles! - uma calcinha presa nas dobras duma amendoeira - um ex-soldado arrastando-se pelo carpete está fugindo das cervejas, do churrasco, porção de fritas e salaminho, cozinha, vídeos pops, vinhos; entrincheirado atrás do sofá profeta de perdigotos e ressaca contra punk-rock nos pelos das mãos.
A desculpa criada na criação de nós aflige, finge! e todos no mesmo chão sem cobertores e palavras, fonemas crepusculares precedendo o princípio - sem os cabelos de Cristo enforcando nossas línguas, nossas salivas, querendo roubar um pouco de nossos sexos - o hermafrodita das estepes de jantares não está entre nós!
Trazer sempre tudo na coleira, nas manilhas ajustadas durante o cordão umbilical, prensando úteros em gozo perpétuo:
sexo, vacina anti-rábica, depressivos, excitantes, mares de saliva, todos os números que nos permitem "viver", lições, os répteis que estão girando, degraus, vielas, números sociais - cada um deles nas obturações dentais, nas operações de fimose, ligações de trompas, permissões prá entrar nos banheiros, cuspir na privada, mijar sangue nos mictórios, assistir a "cantada" do vendedor de bijuterias no garoto faminto e mais tarde passar por ele e cheirar seus passos desvairados, se esconder da polícia, pagar impostos, olhar o fio de meia da secretária do serviço social, do advogado, pensar nos quadrantes da Ursa-Maior e casamentos sempre fellinianos ... -
catálogos telefônicos, listas e presentes de aniversários, correntes, suicídios, pastéis de queijo e presunto, placas de automóveis, mandatos de segurança, pernas que aprisionam em não não acordar porque não se dormiu dormirá mais, as respostas que não vinham, gabaritos, pedigree, raça e espécie, todas as horas trancafiadas nas pulseiras dos relógios onde sobrancelhas marcam os segundos - perdidos eternamente em meticulosidade, meticulosas observações - e, as respostas que não vinham mais, não vinham mais, aaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiisssssssssss!!!!! .....
Na praça rolando, rolando, rolando, rolaaaaanndo, rolaaaaaannnnnddoo - oooooo ...
Mais adrenalina - quebrar os dedos em silêncio prá esperar a noite, o filme, a trilha sonora, o rodízio dos sonhos, pesadelos, orgasmos ... O mesmo rodízio!
O momento é o momento! Mortalmente as olheiras iguais nas esquadrias de cerâmica tomando sopa na ceia! Imortalmente procissões às operetas cotidianas! Dançam bufões nas entradas dos escritórios, cais, terminais rodoviários cardíacos!


Marcelo Nietzsche

MANDALA (segunda parte)

"Quem era você dormindo pelos cobertores das calçadas das lojas - embrulhada nos seios por barbas louras, castanhas, estrangeiras? -
enforcando gatos recém-nascidos enciumada nos bares e sinais porque o homem parava de alimentá-lo;
puxando descarga - crematório das noites - e seu filho, montículo de poucos meses, rodopiando, rodopiando prá baixo das casas, piscinas privativas, vagas rotativas, túneis, supermercados, jardins indevassáveis de heras importadas no caviar ...
contribuindo pros subsolos de carniças, dejetos e rebanhos indo pro matadouro no Metrô e oficiais de fraque e cérebros enterrado eras atrás - atrás do Monte Carnac, índios nos campos, píton sugando Cleópatra na estrada de Roma -
o ilho, seu filho, inquisidor, Torquemada invertido, respirando, vomitando, comendo florestas incendiadas, cinzas de "delinqüência" e retornando na água - nós mergulhando nos farelos do corpo dele.
Ma. - consumiu-se nas bordas da minha cama - pegou uma xícara de café preto, dormiu nos colos de estudantes que de manhã iam prá bestificação beatificação obrigatórias e cantar hinos nos pátios das escolas;
nua na praia pelo fim da festa onde sua mente te furtou as roupas, documentos, nomes, cicatrizes no canto da língua, a digital nos homens nus ainda estirados sobre um tapete;
roubando cachorros-quentes nas barraquinhas à noite, e galinhas, bifes, aspargos, mostarda e maionese nas geladeiras de cozinhas que talvez nunca mais verá de novo - tantas geladeiras e banheiros e saboneteiras ainda por serem apresentadas sem formalidades e roupas -
quantas camas descobertas nos tampo das mesas, nos tampo das cabeças, nas tampas das garrafas, só por um curto tempo - o fiel usurpador dragão, amarelo-azul, cuspindo fogo pelo teto, ti dragando até em casa e você beijando o táxi.
A maquinária sexual nos postes ao longo das luzes e obras em construção - cinzas faces sem faces ti propondo sociedade ou banimento - a maquinária engrenada em sapatos de couro contrabandeado Uruguai salivando sexo em suas orelhas - chutar virilhas, beijar a rua, adeus - 'cuide mulher e elevadores' -
crateras das ruas apaixonadas e bancos acolchoados dos carros e táxis - a comissão de direitos subterrâneos te elegendo primeira-ministra do parlamentarismo ... - seu filho erguendo-se das unhas negras que te erguem pela bunda em triunfo -
ou seu filho te beijará a boca sob os detritos e lodos das águas sobre a qual boiam as letras de tua morte por overdose; doses anti-homeopáticas de qualquer coisa que não adeuses pro avião a dois mil metros de altura e farinha de vibrações e sangue coagulado nas porcas das engrenagens e computadores - cloacas!"


Marcelo Nietzsche

POEMAS DE RATOS (uma série)

Um poeta veste a fantasia enquanto se despe

eu corro, salto, rodopio, solto fagulhas e versos
falo a fala de quem fala a mesma língua
que se enrosca nas palavras e no beijo roubado
debaixo das saias onde me refresco e renovo
pulo pros lados, pros abraços e amassos
viro pro outro lado, dou pirueta e um salto mortal
mortal não; desses de circo talvez e não falo da morte
somente a da lagarta, porque depois surge a borboleta


o des-carnado
(ele existe)

POEMAS DE RATOS (uma série)



Um poeta diz palavras enquanto escapa das palavras


Eu queria dizer palavras mas não posso dizer palavras
porque palavras não representam nada são só palavras
não mostram a urgência do que sentimos ou das emoções que tivemos
ou que um dia possamos ter porque são palavras
e se grudam no papel ou na ponta da minha língua como parasitas
não como armas que ferem e atacam e defendem
mas como algo que se não dissemos o que são ficam como nada
e palavras são como um nada que sugam o que realmente sentimos
e sem isto não são nada são palavras
não cravam o significado de uma língua lambendo o olho
que não é do furacão mas provoca um furacão

o des-carnado (ele está ali)

MANDALA (primeira parte)

Cramandala, carmandala, mandala de alpinistas mangues;
flutua o solo - fixo ao eixo visual - tontura animal - paisagens de vidros, madeiras confinadas, suores nas plantas que não crescem mais, não crescem mais.
Descer do ônibus saltando carcaças, soltando nevralgias e um pouco mais de tabaco nos alvéolos -
saturar o ar de morte e seguir - não parar jamais - "Prá onde se vai?" - "caçando violinos, saxofones, gaitas, genitais, têmporas nos bares, é que se vai - qualquer lugar, qualquer lugar no mesmo lugar do mundo."
Estalando costas, vértebras, desejos nas pilastras dos hotéis e restaurantes - a tarântula social devorando, devorada;
pestanas que se encaracola, nas cervejas da sua língua de calcinhas e sutiãs;
boiando no rio amarelo-verde - bílis - , no labirinto encardido do banheiro um elefante na alça da lâmpada.
(isto, isto, muito tempo depois, me recuperando na Estação de Repouso - não era de total limpidez, nada da sanidade convencional e laguinhos de borracha em patinhos cor-de-rosa.
Areia, toda a areia da via sideral nas pastilhas da garganta e o que planava no ar não dava espaços ao ar -
dias e noites noturnas, soturna na Estação de Repouso - mais, mais música, oceanos Pacíficos de contra-voltagem bebendo neurônios no café da manhã - duas da tarde)


Marcelo Nietzsche

Ele mandou bem demais!


eu tenho 30 mil alto falantes implodidos na garganta

um desejo de navalha entre os dedos

15 mil explosivos em meu coração

eu tenho

um travesseiro pra sonhar

dois cotovelos pra me apoiar

400 trilhões de gritos entalados

27 enlatados na dispensa

uma cabeça que pensa e

um bilhão de incompreensões

meu corpo caminha entre os olhares feito

pedaços de unha entre os dentes

um sorriso descontente

a gema descasca do muro

o furo no fundo do nervo

no pulso um pulo

de gato

eu

tenho um poder de invenção

e um descontrole

o medo de não segurar a loucura

eu tenho 415 variedades de vícios e nunca vou negá-los

pois negar o vício é se achar auto-suficiente

eu não sou auto-suficiente

Eu sou o toque no outro

o toque no outro

o toque no outro

de Thiago Florencio

foi no útltimo Ratos di Versos que ele surgiu e já é da casa. Escreve muito, sente muito com delicadeza e força como muitos por ali. Olhemos as pérolas que estão nas ruas. Eu o conheci num bar carioca botafogo qualquer! É Thiago! E tem muita força nas mãos das palavras. Mas olhem para baixo também! O NÚ do nosso Rato Nietzsche é desconcertante! OXALÁ! Maristela T.

obs: fiquei confusa: o fotógrafo é Saboya, Alfredo, Barroso, Sartori...

Poesia nO ARTESÃO

Poesia nO ARTESÃO

com Ratos Di Versos

pré-estréia nesta quarta-feira, 8 de novembro às 20:00

no Restaurante O Artesão

Rua Conde de Irajá, 115. Botafogo

Os ratos apresentam mais uma de suas faces.

POEMA COLETIVO 1/11/2006

Respiro como quem escarra o sofrimento
o pus em putrefação da felicidade obrigatória
meta,merda, dos habitantes humanos
Insistem tolos humanos em humanizar os fenômenos da natureza, não percebem que profanam o sagrado ...
isso! Profanam o sagrado ...
embriaguês sagrada, declaramos-te método!
Todo, mais uma vez, nada me traz
mas nada me tira desse todo mentira-maravilha
Somos singulares e plurais nos caminhos da vida
mas quando encontramos a prova, como fazer?
relitaremos!!!
na contra mão!
Para o júbilo o planeta
está imaturo
é preciso arrancar
alegrias ao futuro
É preciso entender as mensagens no escuro
o Universo compensa o nossa vapor
cabe a nós estarmos alertas para os sinais, mas? que mais? os mais obscuros.
E eu aqui com meu feijão amigo
e uma colher. danadinho das lembranças de criança
Não a criança com cara de feijão, amendoim ... danadinho. Mas a criança que só come feijão ... quando tira dos lixões ...
dos lixões ... Ah. Lixões!
Jogada num canto, falando ou nem tanto
encontro ela, disforme.
Numa metrópole sem fantasmas
de pessoas sem almas
vagam ao léu.
Como sentimentos desconexos
soltos pela fragmentação humana
de uma sociedade pós-moderna
de pensamentos que voam como
ventos, para se livrar e não
lembrar de maus momentos
Que nos levam ao caos social
e banal
será que sou mesmo um racional?
Comunidades, em grandes cidade
buscando um lugar
para pensar
e quem sabe ... se encontrar
Quem sabe?
quem sabe a paz reencontre
no pensamento, um simples
e singular momento
onde, somente a vida
Viva!
Viva e deixe viver
viva e faça viver
viva e ensina a viver
viva e ame viver.
se lá está
que lá esteje
Ávida viva que arde na arte!
artimanhas nas manhãs de sempre
foda-se a poesia
a verdade dos poetas
que querem viver em paz
e por isso sei das minhas limitações
percepções e sensibilidade para
poder ler nos seus olhos o que
quero dizer

Paz e Amor ALOHA
A paz que se tenta conquistas
o amor que se tenta inventar
a vida que tentamos enganar
a tristeza e morte no olhar!!
A morte é para todos
transfiguração da carne
transparência do espírito

Hoje ao ler
as notícias do jornal
me deparei com banalidades
notícias e fotos corriqueiras
um país sem fatos
uma nação estagnada
mas, ao amanhecer do dia
fatos e fotos
embrulharão o peixe
do almoço que como
como quem saboreia
a esperança do futuro.
Locais.
cada local tem sua história
cada local tem sua praça
cada local tem sua festa, cada local
tem seu palhaço
cada local tem uma vida, curtida, sozinha ou sofrida.
a felicidade está no local basta saber qual é o local ideal.
O local da idéia, me dá idéia
local. louco local me dá idéia total
o local me rouba a idéia, me turva o
silêncio do bolso me taca palavras
na cara. sem querer não ouvir
o silêncio.
Ouvir o silêncio é a melhor canção da vida.
Que porre é esse, não não
não é isso, eu quero mais
é uma cerveja

Cerveja pra desanuviar as idéias,
pra saravá a urucubaca
pra elevar a mente e assanhar o corpo
para malhar a palavra

A loucura é sábia
sábio é o louco
quem sabe que loucademia é essa?

Em que louco local me localizo
e te escandalizo com muitas
loucas menos poucas
poucas
moucas

Normal é o louco
louco é o normal
por isto, sigo assim
neste local de loucos, sendo NORMAL!

Não há normal
quando você não é
o tal

Um dia vi um ser
que não era o meu
ser, já pensei
em comprar um
ditado para você
quando digo pra você
não penso em você
porque só penso em
você, não quero
mais ser.

Eu entrei em casa
e ela estava vazia
mas eu até pensei naquela porta
aprendi com meu ser
aquilo tudo que você fazia
me diz são pedro mas que
porre aleas santo daime já servia
aprendi tudo com você
e não quero saber de mais nada
o que pode ser verdade
se é mentira sua cabeluda
eu já peguei mais da metade

Quando vejo seu corpo
meu instinto vem a tona
fico imaginando você
me desejando como loca
não quero seu dinheiro
pois dinheiro já não
compra o desejo que
eu sinto de te ver
toda sem roupa
vem pra mim!

Hola, como estás? divo un amico
y estaza dormido

É porque o que repete
o peido o peido impede
o cu de não pensar


HUMANO 1256
humano demadiadamente humano

O silencio foi arrancado do meu bolso;
o vazio e o bolso vazio mas meu!
o roubo do vazio me chutou de Barulhos
no rosto me aproximou das orelhas
orelhas sem buracos
não queriam hoje serem de verdade!
orelhas de mentiras por Barulhos sem palavras
Escatologia hoje não é igual a nada
e nada me tira dessa trilha hoje,
penso

Eu não tô entendendo
mais nada nessa loucura
insana que a gente
criou no meio do povo
acho que o poema
está brigando c/a poesia
faz frio.
Frio
mais
sem
freio
de mão
freio de pé
freio na alma
alma solta
solta freio
sai de frente
avança
frames
aguenta firme
até
o
FIM

Ou não: voltei ao meu estágio
bicelular
e sem nenhum mau presságio
vou me multiplicar.

[aqui inserir a foto abaixo]


Obs.:
coletivo poema
assino
coletivo poema
ass-assino
com meu nome
o coletivo
morre



Enquanto não chega o poema coletivo



Essa é uma pequena amostra do poema desta semana


República dos Poetas tem Rato



[REPÚBLICA DOS POETAS]

Comemorando a Proclamação da República
Rua do Catete 153 - Sala Multimidia - Entrada Franca

10 / 11 / 2006 - sexta - feira - 19 - 22 hs

POETAS CONVIDADOS
Alex Topini
Dalberto Gomes
Elisa Flores
Giovanna Gold

NÚMERO MUSICAL
Marcondes Mesqueu
hFroidi, o Bardo Maldito

VIDEO
Lançamento Mundial
" Palmatória do Mundo "
com Bayard Tonelli & Gean Queiroz
direção: Cactos Intactos

direção geral: Ricardo Muniz de Ruiz








FOI LINDO DEMAIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!
UM DOS DIAS MAIS MAIS DOS RATOS!
AMIGOS DE ANOS, DE BURACOS MUSICAIS, DE VIDAS ESCRITAS, A CHUVA TRAZENDO A DISTÂNCIA PERFEITA ENTRE QUEM QUER OUVIR E QUEM QUER REVER AMIGOS...
OS RATOS EVENTUAIS-ESPIRITUAIS LÁ, LAURENT E MAURIÇÃO - SEM ELES A ALMA FICA PEQUENA. A PRESENÇA É APENAS A RATIFICAÇÃO. A GENTE NÃO ABRE MÃO, NEM DA AUSÊNCIA, NÃO!!
VOU TER QUE ABRIR UM BLOG SÓ PARA POSTAR AS FOTOS!
Florenci Thiago foi o pop star nas fotos do Saboya. Barretão, só falta a Marcinha! Rui, simpatia!
e Lá nava vá!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
beijos e aguardem o blogs ogs og