Desculpem, é futebol?

No Brasil, futebol também é metáfora. Cabe ser utilizado em diversas circunstâncias. E mais: após tantos "artistas da bola", e com a bola, também é uma referência poética. Então: falamos de poesia, esporte, ou das posturas humanas.
Deve-se saber a capacidade própria para a realização das coisas. Que não se peça para Vinícius de Moraes escrever uma partitura ou Paulinho da Viola para escrever um poema expressionista ou ou ... ou .... que não se peça para Gilberto Silva dar um passe. Já Gilberto é quase um bom lateral: quase defende, quase ataca.
A grande qualidade poética é a ousadia. Não falo em alucinações e elocubrações malucas. Em um haicai, por exemplo, deve-se sempre buscar soluções diferentes entre eles. O risco é fundamental para a vida pulsar, os olhos e a mente se prepararem para enxergar livres.
Mas uma vez, não é o risco destemperado do time que se precipita desgovernado para o ataque.
No entanto, a história é chata. É uma coisa já vivida que uns teimam em manter viva. Em 1978, na Copa do Mundo, a Argetina anunciou que jogaria para segurar o jogo. Qualquer coisa, depois descontavam no Peru - o que aliás, fizeram. O técnico brasileiro, Claudio Coutinho, pôs a seleção brasileira em campo com dois cabeças-de-área, Chicão e Batista. (Naquela época não eram volantes, eram cabeças-de-bagre. Falcão não foi convocado) O treinador queria se previnir. E a Argentina, colmo prometido, jogou na defesa. E o Brasil não mudou a postura duante o jogo todo. Brasil, campeão invicto.
É esta a postura que Dunga repete na atual seleção. Gilberto, Gilberto Silva, Mineiro, Josué, Diego. Nenhum deles, na seleção pelo menos, sabe nada de poesia. A poesia envolvente em tabelas dos repentista. A poesia fixa, imobilizante, dos concretistas. A poesia inesperada dos "marginais". A poesia simples, mas não simplória, dos haicais.
Aliás, Dunga nunca pareceu compreender poesia quando jogador.
Agora, sobre futebol: o Brasil deveria utilizar na seleção o mesmo tipo de contrato da Holanda. Lá, por contrato, é obrigado a posicionar um time ofensivo. Seja para sufocar ou contra-ataque.
Aliás, acho que tal contrato também seria útil para quem se pretende poeta.


Marcelo Nietzsche
Amar é bom
beijar é bom
sexo é muito bom
mas precisa você usar a minha gilete


marcelo nietzsche