ANTOLOGIA DOS RATOS ESTÁ CHEGANDO

PLUTÃO

Estou plutão
Se estar puto representa pouca coisa
Então eu estou Putão
Rebaixaram meu planeta
Para o estágio de cometa
Deixando de ser Plutão
Para ser plutinho
De tão pequenininho. .

Para os astrólogos virou alegoria
Para os descendente de escorpião
Regente de terceira categoria.

Plutão
Virou Pluto
Nome de um cão
Que muito puto ficou
Por mudarem o seu perfil
Aos latidos mandou
Todo o mundo
Pra pluta que o pariu !


poema de Dalberto Gomes

ANTOLOGIA DOS RATOS

ESTÁ CHEGANDO


"RATOS DI VERSOS"

a primeira nunca se esquece





Blues


Ela saltou do táxi e ajeitou a saia curta que aproveitadoramente
no carro havia encurtado mais.
Olhou ao redor com um piscar arrogante e se virou com as nádegas
Presas ao tecido como se fosse uma placenta nunca arrancada e saiu
Rebolando e tropeçando com as sandálias dois números abaixo
dos teus pés, até o final da calçada de luzes verdes do motel.
Sumindo logo depois.
Gritos perfumados.
Odores expulsos detrás das cortinas.
As visões de si mesma nunca lhe haviam excitado tanto.
O delineador afogava a retina, enquanto escorriam gotas de
tesão que derretiam e deslizavam tingindo as virilhas de negro e
fazendo a gruta cantar e gemer como as divas do blues ....
Carluxo

De Chacal sobre o CEP. O RATOS. etc.


DUDU PERERÊ
JUJU HOLLANDA
MARCELO "NITX"

UM CEP COMO E PARA POUCOS NA DESPEDIDA DO JOCKEY

Ontem foi bonito. O CEP 20.000 se despediu do Teatro do Jockey em alto nível. As pessoas que por lá aportaram, se divertiram a valer, dançaram e cantaram à vera. Assim quer ser o CEP. A parada abriu como sempre com a garotada do Na Boa, grupo de teatro do Colégio André Maurois, comandado por Márcio Januário e Dado Amaral. Ontem a reveleção foram Tales, lendo uns textos de Rogério Skylab e o tapa olho pirata do Bruno. Fizeram a galera rir muito. O Wil também foi muito bom. Ele tem o humor bagaceiro do Eber Inácio. Um dia faço o CEP bagaço com os dois.

Depois entrou a grande revelação da noite: Os Azuis, que abriram com Paint it Black, um sucesso dos Stones dos anos 60. Para um velhinho transviado como yo, foi uma pancada. Os Azuis desfilaram um repertório alto nível, sempre com um pezinho lá nos tempos em que o rock mudou a cara do mundo, com Beatles, Stones, Hendrix, Dylan, The Who, Led Zeppelin e companhia. Tocaram ainda My Generation e uma dos Beatles. Vibrei, dancei, cantei como um antigo cigano.

Então entrou o Brumário Circus World Tour, com Maurição, Diba, Kiko, Rafinha e Kyvia. Foi outro descalabro. Rafinha dividiu um texto que falava de pombos em três partes. Mandou muito bem. Kyvia, a dama do cabaré da poesia plenilúnica. Maurição, um dignossauro embriagado numa cristaleira. Foi um espetáculo !


Então entrou os Ratos Diversos: Dudu Pererê, Juju Hollanda, Nietzche e Carluxo. Palavras voando ferozes. Eles estão no ponto, depois de dois anos de Lapa.


Mestre Tornaghi tambem presente, ficou apenas dançando entre a galera. E veio Xisto e Rod e Guila jogar palavras ao público. Ferozes, lampeões, virgulinos. Versos talhados à peixeira.

Enfim a atração principal que arrastou um público de dimensões razoáveis: Os Monstros do Ula Ula. Entraram mascarados. Montruosamente mascarados. Lucky Luciano com uma máscara hedionda, cantava em arrancos de cachorro atropelado. Formigão, Gustavo e Diba estraçalhavam baixo e guitarras. O povo uivava, pogando pela pista. Um show de quase uma hora com todo mundo dançando e cantando.

Assim foi talvez o último CEP do ano no Teatro do Jockey. Agradecemops muito a Karen Acioly, diretora da casa e toda a equipe: Cristiano, Fabiano, Dudu e outros que deixaram o CEP apenas existir, animando e colorindo a vida das pessoas desse planeta. Até jah !!!

Chacal

p/ toda a classe

Eu sou o ator
Eu sou o melhor
Nenhuma moliére
Resiste ao meu Shakespeare

Me equilibro entre o ser e o não-ser
E disfarço
Depois faço e desfaço
O espaço
Entre eu e você
Eu e você

Estrela na tela
Eu já vi esse filme
Ela faz a novela
Ela gosta de mim!
Ela gosta de mim?

Eu acho que sim
Mas e daí?
Eu sou o astro!
Eu sou o rei!
E sou o astro-rei que ilumina o mundo!

Câmeras- close!
Quero luz no meu perfil!
Holofotes no meu céu
Realce no meu papel!

Sou o ator
Sou o que sou e o que não sou
Sou dado viciado
Na mania de ser
Vocês

-dan-

Desculpem, é futebol?

No Brasil, futebol também é metáfora. Cabe ser utilizado em diversas circunstâncias. E mais: após tantos "artistas da bola", e com a bola, também é uma referência poética. Então: falamos de poesia, esporte, ou das posturas humanas.
Deve-se saber a capacidade própria para a realização das coisas. Que não se peça para Vinícius de Moraes escrever uma partitura ou Paulinho da Viola para escrever um poema expressionista ou ou ... ou .... que não se peça para Gilberto Silva dar um passe. Já Gilberto é quase um bom lateral: quase defende, quase ataca.
A grande qualidade poética é a ousadia. Não falo em alucinações e elocubrações malucas. Em um haicai, por exemplo, deve-se sempre buscar soluções diferentes entre eles. O risco é fundamental para a vida pulsar, os olhos e a mente se prepararem para enxergar livres.
Mas uma vez, não é o risco destemperado do time que se precipita desgovernado para o ataque.
No entanto, a história é chata. É uma coisa já vivida que uns teimam em manter viva. Em 1978, na Copa do Mundo, a Argetina anunciou que jogaria para segurar o jogo. Qualquer coisa, depois descontavam no Peru - o que aliás, fizeram. O técnico brasileiro, Claudio Coutinho, pôs a seleção brasileira em campo com dois cabeças-de-área, Chicão e Batista. (Naquela época não eram volantes, eram cabeças-de-bagre. Falcão não foi convocado) O treinador queria se previnir. E a Argentina, colmo prometido, jogou na defesa. E o Brasil não mudou a postura duante o jogo todo. Brasil, campeão invicto.
É esta a postura que Dunga repete na atual seleção. Gilberto, Gilberto Silva, Mineiro, Josué, Diego. Nenhum deles, na seleção pelo menos, sabe nada de poesia. A poesia envolvente em tabelas dos repentista. A poesia fixa, imobilizante, dos concretistas. A poesia inesperada dos "marginais". A poesia simples, mas não simplória, dos haicais.
Aliás, Dunga nunca pareceu compreender poesia quando jogador.
Agora, sobre futebol: o Brasil deveria utilizar na seleção o mesmo tipo de contrato da Holanda. Lá, por contrato, é obrigado a posicionar um time ofensivo. Seja para sufocar ou contra-ataque.
Aliás, acho que tal contrato também seria útil para quem se pretende poeta.


Marcelo Nietzsche
Amar é bom
beijar é bom
sexo é muito bom
mas precisa você usar a minha gilete


marcelo nietzsche

Tavinho Paes... sobre os RATOS di Versos

...começou o processo!
...a lembrança é a máquina do futuro: sem ela ele não faz sentido.
...lembrou o aniversário: a máquina ligou o combustível fóssil.
...se for lembrando fatos e retratos do que constituiu 2 anos ... desde o suspiro inicial ... e for anotando, como sinais ... até chegar ao texto descritivo com a linguagem que foi ativada, o processo é contínuo e contíguo.
...a charada apenas apresentou suas primeiras chaves.
...a memória do futuro começou e agora não para mais!
...o evento nunca acaba, mesmo quando nunca mais acontece.
...o evento é feito de pequenos eventos acumulados em tempos que se multiplicam no passado, se apresentam em presentes e se reúnem no futuro.
...OS RATOS DI VERSOS são o nome da jornada.
...sobre o evento final, cabe ao deus de cada um duvidar do milagre.

tavinho paes

Os "terceiros"... frutos

RATOS DI VERSOS

FUNDADO EM 17 DE MAIO DE 2006

Beco dos Carmelitas, 9

Lapa


Ratos, penetras na festa de Noé. Fecundos em idéias, no breu da noite sorrateiros pelos becos saem para disseminar a palavra. Doença da Peste transformar palavra em Poesia.

Coletivo vivem os Ratos juntos a dois anos pelos Becos da Lapa onde se desentocam, mostram a cara e multiplicam uma idéia de Liberdade. Ratos traçam o que der e vier, todos são benvindos, podem falar o que quiser. Farejadores de ouvidos atentos, no Beco nunca surge mau tempo. Seja de laboratório ou de sarjeta, aqui todos são aninhados , renindo os diversos versos num só universo.

A ninhada desses Ratos de Beco é a Poesia inspirada e criada no coletivo di versos.

Tiça Matta


O Rato do Sorriso Largo se inspira e cria para:



ANESTESIA
Escrever poesia Tensão
Nos dias atuais Tesão
Requer: Ironia
Inspiração Estômago
Frieza Picardia
Fantasia Cu
Imparcialidade Hipocrisia
Despreendimento E
Niilismo Cachaça...
Lexotam Muita cachaça.
Isordil
Adalat


DALBERTO GOMES


O Rato Zen sacode a poeira e combate a tristeza:

COMBATE

Quando te bater a tristeza

Revide

Pois ela é grande mas é uma só

E andorinha sozinha não faz milagre

Mas milágrimas

Desalegram

Qualquer palhaço


DANIEL SOARES


A Ratinha única que escreve com o coração no papel, canta com cupins:

rastejo no assoalho

enquanto canto a última serenata

para os cupins

os cupins dançam

a rumba de uma voz aflita

e deliciam-se com o meu cabelo

que cheira a chocolate

ao fundo, o latido de um cachorro

dá-me forças para levantar ir até a janela

e gritar para que o novo dia aconteça

enquanto os cupins vandalizam o resto da minha sala

JUJU HOLLANDA

O Rato Registrado divide suas mágoas:

EM ALGUM LUGAR, MÁGOAS DE UM LUGAR COMUM

Estático.

Sombrio.

Perdido.

Solitário.

Sufocado.

Suado.

Acabo de acordar, de um enfarte na alma.

Bom Dia.

Alguém em algum lugar, chora.

Alguém em algum lugar, ama.

Alguém em algum lugar, sente mágoa.

Alguém em algum lugar, sofre.

Alguém em algum lugar, morre.

Alguém em algum lugar, se sente só.

Eu não conheço, a pessoa de algum lugar.

E o algum lugar e a pessoa não me conhecem.

Mas, por aqui sinto a mágoa que chora a sofrida lágrima que morre

se sentindo só...

CARLUXO

O Rato com o nariz de palhaço é o artista do improviso, pregando peças:

PEÇA
Artista? atuando, discutindo, discordando e
Tá, tudo bem, sou artista... concordando dentro de mim!
Mas sou artista do teatro da vida, no palco Peça.
da rua, na peça em que todo mundo atua. O mundo prega peças enquanto eu peço
Interpreto tantos papéis diferentes que já pessoas, audiência ao meu espetáculo.
nem sei mais qual é o personagem da Ainda bem que já entendi que estamos
minha essência. fadados a manifestação,
Peça E que a essência do meu ser está no
A vida é uma contato com o ser alheio,
Peça então,
De um quebra cabeças decapitado vamos trocar figurinhas?
Peça vamos nos influenciarmos-nos?
Um milhão de personagens distintos, DUDU PERERÊ


Chegamos ao Rato filosófico, pensamento é para rachar cabeças:

não é o crânio toda paixão
que segura a bala é um ataque cardíaco
mas a torna inútil sem compaixão


não tem óculos quando senti, amor
que caibam nos meus olhos o peso de seu amor
só minha alma lê nenhuma escavadeira me encontrou mais


de tanto pensar, pensei
amanheceu
deveria pensar menos





MARCELO NIETZSCHE



VIDA LONGA AOS RATOS DI VERSOS

Os segundos frutos...

Que tempo!
Que pena, que pena!!!
Tempo sábio, tempo bom, tempo de plantar!
O tempo mancha mas não desmancha Amor, meu amor!

Amosratos!!Amosratos!Amosratos!!


Grito pelos becos do meu Rio imaginário!
Quando comerem saibam que é um pouco de mim que comerão!quando beberem saibam que é meu sangue e que não brindam em vão!

Amosratos!!Amosratos!!!Amosratos!!!


Gritam meus vícios, meu tesão!
É tempo de plantar!!!
Venham que o solo é fértil!o espírito é santo e eu beijos-vos de lá!!!!

Feliz aniversário!!!


Ivny Mattos

2 ANOS DE RATOS DI VERSOS

Os primeiros frutos da comemoração, ontem, de dois anos do grupo, em uma refestelança geral.


uma noite no beco

não temos medo
da decadência, da falência
elas nos fascinam
nos sublimam
nós as admiramos
parecem que estão no sangue
nosso de cada dia
são a nossa alegria
não temos medo
de nada dar certo
esperto é quem nada espera
nos desespera ser certo
e mais do que isso, correto
achamos mesmo abjeto
esse modo de ser
nada a ver com a gente
porque simplesmente
não temos medo
de dar errado
somos o resultado
da abnegação
pela insolvência
somos a demência
que tem solução


Rio, 15/05/2008
Aluízio Rezende

*feito (em homenagem) durante a comemoração do aniversário dos
Ratos DiVersos
Tempo passa
Mas não passa de tempo!


Nesta quinta-feira, dia 15/05
No Beco dos Carmelitas, Lapa, a partir das 20 hrs
Será grande a pajelança, pois
Os ***RATOS DI VERSOS*** comemoram
2 anos de inebriante existência!
poesia, música, poesia, papo furado, beijo na boca, poesia,
tudo junto numa nota só!

E
Para alegria geral da nação
Teremos grande banquete de queijos(afinal somos ratos), vinhos(afinal somos boêmios) e muita felicidade!



Então...
"vem pra minha festa
que eu te jogo na piscina
e te afogo no fogo de mil beijos
vem pro meu banquete
onde os vinhos justificam os queijos"



PS:E a revolução será novamente televisionada!

- Ai de mim - disse o rato - o mundo inteiro vai ficando cada vez menor dia após dia. No começo era tão grande que eu tinha medo, eu corria e corria, e ficava contente ao ver paredes distantes à direita e à esquerda, mas essas paredes enormes se estreitaram tão depressa que já estou na última peça, e ali no canto está a ratoeira para a qual estou correndo.
- Você só precisa mudar de direção - disse o gato e devorou-o.

Franz Kafka

DA SÉRIE RESPOSTAS

É uma longa "tradição" a poesia=resposta". Lautreamont, após os Cantos de Maldoror, foi severamente criticado, inclusive por seu pai, que lhe ameaçava. Lá do Uruguai até Paris. Diziam que aquilo não era poesia. Que esta era representada por Lamartine e outros doutos das letras.
Pois, o segundo livro de Lautreamont chamava-se Poesia. Basicamente era a sua recriação para como os "doutos" deveriam ter escrito tal e tal e qual poema.
E, por que não?, como se gostaria que tivessem ou que escrevéssemos.

Assim:

Para Nicolas Behr
meu pior pesadelo
é me tornar um sonho


para Leminski
nunca repito o mesmo erro
uma só vez,
repito: duas, três, quatro
quantas vezes for
até ele aprender
que o erro sou eu

Marcelo Nietzsche