POESIA LIVRE, A LÍNGUA SOLTA E O TSUNAMI POETICO DOS BUEIROS DA LAPA DE MANOEL BANDEIRA. - Boca livre poética em auto-gestão. Rat'e-mail: ratosdiversos@gmail.com
ANTOLOGIA DOS RATOS ESTÁ CHEGANDO
Estou plutão
Se estar puto representa pouca coisa
Então eu estou Putão
Rebaixaram meu planeta
Para o estágio de cometa
Deixando de ser Plutão
Para ser plutinho
De tão pequenininho. .
Para os astrólogos virou alegoria
Para os descendente de escorpião
Regente de terceira categoria.
Plutão
Virou Pluto
Nome de um cão
Que muito puto ficou
Por mudarem o seu perfil
Aos latidos mandou
Todo o mundo
Pra pluta que o pariu !
poema de Dalberto Gomes
ANTOLOGIA DOS RATOS
"RATOS DI VERSOS"
a primeira nunca se esquece
Blues
Ela saltou do táxi e ajeitou a saia curta que aproveitadoramente
no carro havia encurtado mais.
Olhou ao redor com um piscar arrogante e se virou com as nádegas
Presas ao tecido como se fosse uma placenta nunca arrancada e saiu
Rebolando e tropeçando com as sandálias dois números abaixo
dos teus pés, até o final da calçada de luzes verdes do motel.
Sumindo logo depois.
Gritos perfumados.
Odores expulsos detrás das cortinas.
As visões de si mesma nunca lhe haviam excitado tanto.
O delineador afogava a retina, enquanto escorriam gotas de
tesão que derretiam e deslizavam tingindo as virilhas de negro e
fazendo a gruta cantar e gemer como as divas do blues ....
Carluxo
De Chacal sobre o CEP. O RATOS. etc.
UM CEP COMO E PARA POUCOS NA DESPEDIDA DO JOCKEY
Ontem foi bonito. O CEP 20.000 se despediu do Teatro do Jockey em alto nível. As pessoas que por lá aportaram, se divertiram a valer, dançaram e cantaram à vera. Assim quer ser o CEP. A parada abriu como sempre com a garotada do Na Boa, grupo de teatro do Colégio André Maurois, comandado por Márcio Januário e Dado Amaral. Ontem a reveleção foram Tales, lendo uns textos de Rogério Skylab e o tapa olho pirata do Bruno. Fizeram a galera rir muito. O Wil também foi muito bom. Ele tem o humor bagaceiro do Eber Inácio. Um dia faço o CEP bagaço com os dois.
Depois entrou a grande revelação da noite: Os Azuis, que abriram com Paint it Black, um sucesso dos Stones dos anos 60. Para um velhinho transviado como yo, foi uma pancada. Os Azuis desfilaram um repertório alto nível, sempre com um pezinho lá nos tempos em que o rock mudou a cara do mundo, com Beatles, Stones, Hendrix, Dylan, The Who, Led Zeppelin e companhia. Tocaram ainda My Generation e uma dos Beatles. Vibrei, dancei, cantei como um antigo cigano.
Então entrou o Brumário Circus World Tour, com Maurição, Diba, Kiko, Rafinha e Kyvia. Foi outro descalabro. Rafinha dividiu um texto que falava de pombos em três partes. Mandou muito bem. Kyvia, a dama do cabaré da poesia plenilúnica. Maurição, um dignossauro embriagado numa cristaleira. Foi um espetáculo !
Então entrou os Ratos Diversos: Dudu Pererê, Juju Hollanda, Nietzche e Carluxo. Palavras voando ferozes. Eles estão no ponto, depois de dois anos de Lapa.
Mestre Tornaghi tambem presente, ficou apenas dançando entre a galera. E veio Xisto e Rod e Guila jogar palavras ao público. Ferozes, lampeões, virgulinos. Versos talhados à peixeira.
Enfim a atração principal que arrastou um público de dimensões razoáveis: Os Monstros do Ula Ula. Entraram mascarados. Montruosamente mascarados. Lucky Luciano com uma máscara hedionda, cantava em arrancos de cachorro atropelado. Formigão, Gustavo e Diba estraçalhavam baixo e guitarras. O povo uivava, pogando pela pista. Um show de quase uma hora com todo mundo dançando e cantando.
p/ toda a classe
Eu sou o melhor
Nenhuma moliére
Resiste ao meu Shakespeare
Me equilibro entre o ser e o não-ser
E disfarço
Depois faço e desfaço
O espaço
Entre eu e você
Eu e você
Estrela na tela
Eu já vi esse filme
Ela faz a novela
Ela gosta de mim!
Ela gosta de mim?
Eu acho que sim
Mas e daí?
Eu sou o astro!
Eu sou o rei!
E sou o astro-rei que ilumina o mundo!
Câmeras- close!
Quero luz no meu perfil!
Holofotes no meu céu
Realce no meu papel!
Sou o ator
Sou o que sou e o que não sou
Sou dado viciado
Na mania de ser
Vocês
-dan-
Desculpem, é futebol?
Deve-se saber a capacidade própria para a realização das coisas. Que não se peça para Vinícius de Moraes escrever uma partitura ou Paulinho da Viola para escrever um poema expressionista ou ou ... ou .... que não se peça para Gilberto Silva dar um passe. Já Gilberto é quase um bom lateral: quase defende, quase ataca.
A grande qualidade poética é a ousadia. Não falo em alucinações e elocubrações malucas. Em um haicai, por exemplo, deve-se sempre buscar soluções diferentes entre eles. O risco é fundamental para a vida pulsar, os olhos e a mente se prepararem para enxergar livres.
Mas uma vez, não é o risco destemperado do time que se precipita desgovernado para o ataque.
No entanto, a história é chata. É uma coisa já vivida que uns teimam em manter viva. Em 1978, na Copa do Mundo, a Argetina anunciou que jogaria para segurar o jogo. Qualquer coisa, depois descontavam no Peru - o que aliás, fizeram. O técnico brasileiro, Claudio Coutinho, pôs a seleção brasileira em campo com dois cabeças-de-área, Chicão e Batista. (Naquela época não eram volantes, eram cabeças-de-bagre. Falcão não foi convocado) O treinador queria se previnir. E a Argentina, colmo prometido, jogou na defesa. E o Brasil não mudou a postura duante o jogo todo. Brasil, campeão invicto.
É esta a postura que Dunga repete na atual seleção. Gilberto, Gilberto Silva, Mineiro, Josué, Diego. Nenhum deles, na seleção pelo menos, sabe nada de poesia. A poesia envolvente em tabelas dos repentista. A poesia fixa, imobilizante, dos concretistas. A poesia inesperada dos "marginais". A poesia simples, mas não simplória, dos haicais.
Aliás, Dunga nunca pareceu compreender poesia quando jogador.
Agora, sobre futebol: o Brasil deveria utilizar na seleção o mesmo tipo de contrato da Holanda. Lá, por contrato, é obrigado a posicionar um time ofensivo. Seja para sufocar ou contra-ataque.
Aliás, acho que tal contrato também seria útil para quem se pretende poeta.
Marcelo Nietzsche
Tavinho Paes... sobre os RATOS di Versos
...a lembrança é a máquina do futuro: sem ela ele não faz sentido.
...lembrou o aniversário: a máquina ligou o combustível fóssil.
...se for lembrando fatos e retratos do que constituiu 2 anos ... desde o suspiro inicial ... e for anotando, como sinais ... até chegar ao texto descritivo com a linguagem que foi ativada, o processo é contínuo e contíguo.
...a charada apenas apresentou suas primeiras chaves.
...a memória do futuro começou e agora não para mais!
...o evento nunca acaba, mesmo quando nunca mais acontece.
...o evento é feito de pequenos eventos acumulados em tempos que se multiplicam no passado, se apresentam em presentes e se reúnem no futuro.
...OS RATOS DI VERSOS são o nome da jornada.
...sobre o evento final, cabe ao deus de cada um duvidar do milagre.
tavinho paes
Os "terceiros"... frutos
RATOS DI VERSOS
FUNDADO EM 17 DE MAIO DE 2006
Beco dos Carmelitas, 9
Lapa
Ratos, penetras na festa de Noé. Fecundos em idéias, no breu da noite sorrateiros pelos becos saem para disseminar a palavra. Doença da Peste transformar palavra em Poesia.
Coletivo vivem os Ratos juntos a dois anos pelos Becos da Lapa onde se desentocam, mostram a cara e multiplicam uma idéia de Liberdade. Ratos traçam o que der e vier, todos são benvindos, podem falar o que quiser. Farejadores de ouvidos atentos, no Beco nunca surge mau tempo. Seja de laboratório ou de sarjeta, aqui todos são aninhados , renindo os diversos versos num só universo.
A ninhada desses Ratos de Beco é a Poesia inspirada e criada no coletivo di versos.
O Rato do Sorriso Largo se inspira e cria para:
| |
ANESTESIA | |
Escrever poesia | Tensão |
Nos dias atuais | Tesão |
Requer: | Ironia |
Inspiração | Estômago |
Frieza | Picardia |
Fantasia | Cu |
Imparcialidade | Hipocrisia |
Despreendimento | E |
Niilismo | Cachaça... |
Lexotam | Muita cachaça. |
Isordil | |
Adalat | |
| |
DALBERTO | GOMES |
O Rato Zen sacode a poeira e combate a tristeza:
COMBATE
Quando te bater a tristeza
Revide
Pois ela é grande mas é uma só
E andorinha sozinha não faz milagre
Mas milágrimas
Desalegram
Qualquer palhaço
DANIEL SOARES
A Ratinha única que escreve com o coração no papel, canta com cupins:
rastejo no assoalho
enquanto canto a última serenata
para os cupins
os cupins dançam
a rumba de uma voz aflita
e deliciam-se com o meu cabelo
que cheira a chocolate
ao fundo, o latido de um cachorro
dá-me forças para levantar ir até a janela
e gritar para que o novo dia aconteça
enquanto os cupins vandalizam o resto da minha sala
JUJU HOLLANDA
O Rato Registrado divide suas mágoas:
EM ALGUM LUGAR, MÁGOAS DE UM LUGAR COMUM
Estático.
Sombrio.
Perdido.
Solitário.
Sufocado.
Suado.
Acabo de acordar, de um enfarte na alma.
Bom Dia.
Alguém em algum lugar, chora.
Alguém em algum lugar, ama.
Alguém em algum lugar, sente mágoa.
Alguém em algum lugar, sofre.
Alguém em algum lugar, morre.
Alguém em algum lugar, se sente só.
Eu não conheço, a pessoa de algum lugar.
E o algum lugar e a pessoa não me conhecem.
Mas, por aqui sinto a mágoa que chora a sofrida lágrima que morre
se sentindo só...
CARLUXO
O Rato com o nariz de palhaço é o artista do improviso, pregando peças:
PEÇA | |
Artista? | atuando, discutindo, discordando e |
Tá, tudo bem, sou artista... | concordando dentro de mim! |
Mas sou artista do teatro da vida, no palco | Peça. |
da rua, na peça em que todo mundo atua. | O mundo prega peças enquanto eu peço |
Interpreto tantos papéis diferentes que já | pessoas, audiência ao meu espetáculo. |
nem sei mais qual é o personagem da | Ainda bem que já entendi que estamos |
minha essência. | fadados a manifestação, |
Peça | E que a essência do meu ser está no |
A vida é uma | contato com o ser alheio, |
Peça | então, |
De um quebra cabeças decapitado | vamos trocar figurinhas? |
Peça | vamos nos influenciarmos-nos? |
Um milhão de personagens distintos, | DUDU PERERÊ |
Chegamos ao Rato filosófico, pensamento é para rachar cabeças:
não é o crânio | toda paixão |
que segura a bala | é um ataque cardíaco |
mas a torna inútil | sem compaixão |
| |
não tem óculos | quando senti, amor |
que caibam nos meus olhos | o peso de seu amor |
só minha alma lê | nenhuma escavadeira me encontrou mais |
| |
de tanto pensar, pensei | |
amanheceu | |
deveria pensar menos | |
| |
| |
| MARCELO NIETZSCHE |
Os segundos frutos...
Amosratos!!Amosratos!Amosratos
Grito pelos becos do meu Rio imaginário!
Amosratos!!Amosratos!!!Amosrato
Gritam meus vícios, meu tesão!
Venham que o solo é fértil!o espírito é santo e eu beijos-vos de lá!!!!
Feliz aniversário!!!
2 ANOS DE RATOS DI VERSOS
uma noite no beco
não temos medo
da decadência, da falência
elas nos fascinam
nos sublimam
nós as admiramos
parecem que estão no sangue
nosso de cada dia
são a nossa alegria
não temos medo
de nada dar certo
esperto é quem nada espera
nos desespera ser certo
e mais do que isso, correto
achamos mesmo abjeto
esse modo de ser
nada a ver com a gente
porque simplesmente
não temos medo
de dar errado
somos o resultado
da abnegação
pela insolvência
somos a demência
que tem solução
Rio, 15/05/2008
Aluízio Rezende
*feito (em homenagem) durante a comemoração do aniversário dos
Ratos DiVersos
Mas não passa de tempo!
Nesta quinta-feira, dia 15/05
No Beco dos Carmelitas, Lapa, a partir das 20 hrs
Será grande a pajelança, pois
Os ***RATOS DI VERSOS*** comemoram
2 anos de inebriante existência!
poesia, música, poesia, papo furado, beijo na boca, poesia,
tudo junto numa nota só!
E
Para alegria geral da nação
Teremos grande banquete de queijos(afinal somos ratos), vinhos(afinal somos boêmios) e muita felicidade!
Então...
"vem pra minha festa
que eu te jogo na piscina
e te afogo no fogo de mil beijos
vem pro meu banquete
onde os vinhos justificam os queijos"
PS:E a revolução será novamente televisionada!
- Ai de mim - disse o rato - o mundo inteiro vai ficando cada vez menor dia após dia. No começo era tão grande que eu tinha medo, eu corria e corria, e ficava contente ao ver paredes distantes à direita e à esquerda, mas essas paredes enormes se estreitaram tão depressa que já estou na última peça, e ali no canto está a ratoeira para a qual estou correndo.
- Você só precisa mudar de direção - disse o gato e devorou-o.
Franz Kafka
DA SÉRIE RESPOSTAS
Pois, o segundo livro de Lautreamont chamava-se Poesia. Basicamente era a sua recriação para como os "doutos" deveriam ter escrito tal e tal e qual poema.
E, por que não?, como se gostaria que tivessem ou que escrevéssemos.
Assim:
Para Nicolas Behr
meu pior pesadelo
é me tornar um sonho
para Leminski
nunca repito o mesmo erro
uma só vez,
repito: duas, três, quatro
quantas vezes for
até ele aprender
que o erro sou eu
Marcelo Nietzsche