"O latido bizarro do carrapato".

Na imensidão coliforme esqueci o meu rosto enlutado
em cima de algum balcão.
Meus bolsos continuam em coma de esperanças,sonhos
e perspectivas.
Um cachorro fugido da chuva fareja embaixo dos bancos
em busca de alguma migalha pisoteada,cuspida ou esquecida
pelo chão.
Ao tocar em minha perna com o focinho molhado, me fez até sorrir
para a sua intenção de achar algo comestível embaixo de meus pés.
Lembrei - me de ter passado por ele na rua mais cedo, adormecido,
tremendo e ganindo parecendo ter como eu pesadelos
frequentes.
E lhe deixei a vontade, com um certo remorso, com as minhas guimbas
de cigarros espalhadas pelo assoalho.
Pois, eu só tinha isso a lhe oferecer.
E passei então a imaginar que quando o cigarro acabar e eu não tiver
mais como ludibriar a fome, logo estarei com ele disputando todas as migalhas,
cadelas, guimbas e o próprio chão.
E em minha pele se abrigarão e florescerão pulgas, carrapatos, pústulas
e feridas de minha agonia ganida e canina.
Enquanto eu irei me esquecer aos poucos, que um dia eu li, recitei
e escrevi a minha fome literária...

Carluxo. (Para Marley, Margarida, Joãozinho, UB, Pedrinho e Tri).




Nenhum comentário: