APENAS O AMOR

Avessa às palavras e à paz
A guerra deflagra um funesto brinde de vísceras
Explosivas, escarlates, marrons
Tons mesclados pela carniça cerebral humana
Insana capacidade de detonar vidas

E o amor esgarçado em feridas
Perene, segue as exéquias
Quando elas conseguem existir

Um cheiro entupido de enxofre
Emana dos estilhaços de bomba
Os gritos orvalhados pelo medo
Ecoam nas ruas e matas
Enquanto as nuances satânicas prosseguem
Avessas às súplicas ou pedidos de clemência
E das acrópoles das igrejas jorram lágrimas e sangue
Crianças esmagadas pelas mães,
Rotas, pela estrada se agitam
e a barbárie arrota a peçonha da mutilação
do corpo, da alma,
sem piedade, ou vergonha

É a guerra,pois não?
Os poderosos atrás do papel bomba
Dos tonéis de petróleo
Das terras, lagos, montanhas,
Pedras, prata, minérios
Dos frutos, das flores,
Império que a todos pertence
Arrancando vidas,
Dilacerando idéias
Num estupro coletivo da mãe Terra
Em nome de Deus
Em nome da honra
Em nome da masmorra eclesiástica
Da Cruz Suástica
Da Estrela de Davi
Em nome do Rei
Do Operário
Do sagrado
Do profano
Atrás das trincheiras do ódio
Num triste e mal cheiroso eclipse
esconde-se a raça humana
atrás das demoníacas guerras santas

Como a sombra do poder é o amor
Esta e´a única arma capaz de destruir o torpor
desta insanidade ferrenha
Transformando-a em lenha
Na fogueira
No calor de um dia ensolarado
Em que as vidas
Absolutas
Majestosas
Garbosas
Possam,
realmente,
dar prosseguimento a seus desígnios
À sua saga
A seu destino
Sem a interferência lasciva de uma metralhadora Ou míssil
enquanto o tempo -insone -
delineia o contorno do infinito
através da História.

Só e somente só e apenas o amor
Palavra mágica
que deve ser manifestada em gestos
Em cantos
Em alentos
Em abraços
Em laços eternos
Em olhares espertos
Em sorrisos de estímulo
Em caminhos
Atalhos
Pergaminhos,cartilhas
Beijos,
alegria,
encanto,
Trilha, poesia, acalanto...

Inexoravelmente,
Nada mais nem menos e somente
O amor
Pode construir a torre calcária
Ou a Torre de Babel
Chegando ao Céu...

Doce utopia
Desejo ígneo
de abraçar o Sol
Em prol da paz infinita
Fazendo da luz das estrelas
Angélica alegoria...

APENAS O AMOR!

Heloisa Helena

Um comentário:

jupyhollanda disse...

Lindo poema, Helô!


Apareça, sumida!!!

Bjos
Juju